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A-CDM: Aprimorando a gestão aeroportuária

A-CDM: Aprimorando a gestão aeroportuária

Resultado do esforço conjunto da ACI EUROPE, da EUROCONTROL, da Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA) e da Organização Civil de Serviços de Navegação Aérea (CANSO), e posto em prática há mais de dez anos, o A-CDM (Airport Collaborative Decision Making) é um conceito que visa melhorar a eficiência operacional dos aeroportos, reduzindo os atrasos, aumentando a previsibilidade dos eventos associados ao voo e otimizando a utilização dos recursos.

Esta melhoria deve ser alcançada através do aprimoramento do intercâmbio de informações em tempo real entre operadores aeroportuários, empresas aéreas e demais operadores de aeronaves, prestadores de serviços de rampa e o serviço de controle do tráfego aéreo. O conceito envolve a implementação de um conjunto de procedimentos operacionais e processos automatizados.

O foco no aumento da previsibilidade tem como consequência um benefício generalizado, tanto para as operações no aeroporto como na rede, aumentando a produtividade e a eficiência para os principais agentes envolvidos.

Para o operador do aeroporto, o planejamento mais eficiente do uso das posições de estacionamento nos pátios de aeronaves e dos portões de embarque reduz as alterações de posições (com o consequente impacto nas operações de rampa e tempos de embarque). Fluxos de tráfego mais estáveis e tempos de táxis reduzidos implicam em menos filas nas pistas e diminuem a probabilidade de congestionamento no sistema de pistas e pátios.

Para as empresas aéreas e demais operadores o principal ganho é a otimização do turn around time, dado que recebem informações mais precisas sobre os tempos de chegada e as sequencias de partida. Além disso, há a possibilidade de otimizar ainda mais suas operações através da atualização do EOBT para partidas em ambiente A-CDM. O EOBT (estimated off block time) é o horário previsto em que a aeronave vai começar a se movimentar para a decolagem. Entre os benefícios do uso deste procedimento de atualização do EOBT ressalta-se a redução do consumo de combustível em solo, economia para as empresas e redução dos impactos ambientais.

O aumento da previsibilidade e da pontualidade têm como consequência a otimização da capacidade instalada e do planejamento de recursos (em especial os recursos humanos), maiores ganhos do serviço de Controle de Tráfego Aéreo. Previsões mais precisas dos horários de decolagem permitem ao gerenciador de rede de serviços aéreos ter uma visão melhor do carregamento da rede. Esse gerenciamento aprimorado da demanda e da capacidade resulta em um número reduzido de slots perdidos.

O prestador de serviços de rampa se beneficia pela precisão da programação de voos – horários de chegada e tempos de solo, bem como por saber o horário exato em que as aeronaves que irão decolar recebem autorização de acionamento de motores. Isso permite um planejamento mais apurado e um uso mais eficiente dos recursos.

Passageiros se beneficiam com a redução dos atrasos e com menos conexões perdidas. No caso de descontinuidades do serviço (fechamentos por motivo meteorológico) a recuperação dos “horários normais” será mais rápida.

À medida que aumenta o número de aeroportos que adota o A-CDM toda a malha aérea se beneficia. O gestor de uma rede com uso generalizado de A-CDM recebe informações precisas na forma de DPI – departure planning information, permitindo uma visão melhor do carregamento da rede e, em conseqüência, a tomada de ações gerenciais mais eficientes.

Mas este “ganha – ganha” requer um significativo esforço para implantação e um comprometimento de todos os envolvidos – empresas aéreas, operador do aeroporto e dos serviços de navegação aérea e prestadores dos serviços de rampa. O processo de implantação tem como início a conscientização da necessidade do compartilhamento de informações entre todos como base dos procedimentos colaborativos. Sem esta conscientização e comprometimento não há condições de implantação de A-CDM.

A definição de procedimentos operacionais e das ferramentas de comunicação, avaliação, validação e operação dos elementos CDM é um processo longo que envolve mudanças culturais – transparência de informações, documentação concisa e cujo maior desafio é alterar as distintas rotinas para uma forma comum de trabalho.

Para auxiliar neste processo ACI, Eurocontrol e IATA desenvolveram um manual – Airport CDM Implementation, que pode ser acessado através do link http://www.eurocontrol.int/sites/default/files/publication/files/airport-cdm-manual-2017.PDF .

O A-CDM foi inicialmente implantado no Aeroporto Munique, no início dos anos 2000 (embora o processo de discussão sobre decisões colaborativas tenha se iniciado ainda nos anos 90), e atualmente está totalmente implantado em 26 grandes aeroportos em toda a Europa, como Paris, Madrid, Londres, Milão e Frankfurt. E no aeroporto de Alicante (Espanha) foi desenvolvido no ano passado um projeto piloto de A-CDM para aeroportos regionais, com uma modelagem simplificada e de baixo custo e resultados extremamente positivos, apontando para a disseminação do conceito para aeroportos de diferentes portes.

No Brasil, os aeroportos do Galeão e de Guarulhos (com o apoio do módulo CDM do SITA Airport Management) já começaram a incorporar os conceitos do A-CDM em suas operações. E o DECEA conduz um projeto de A-CDM com o objetivo de melhorar o desempenho da gestão do tráfego aéreo nos aeroportos. Todas iniciativas bem vindas. E, esperamos, de sucesso.

Dario Rais Lopes
Secretário Nacional de Aviação Civil na Ministério dos Transportes, Portos e Aviação Civil
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